Durante a pandemia, muitas pessoas sentiram que os dias estão mais longos, até se arrastando, e a percepção parecia ser real. Apesar da sensação, os dias continuam com a duração habitual, entretanto, diferente do que muitas pessoas pensam, a duração não é de 24 horas como pensamos, pois a duração do dia muda conforme a referência que usamos. Por isso, veja por que o dia não tem 24 horas abaixo.
Em suma, os dias e noites do nosso planeta são definidos pelo movimento de rotação da terra, sob o seu próprio eixo, não é mesmo? Entretanto, esse movimento de 360º não leva 24 horas exatas para ocorrer, mas sim cerca de 23h56. Basicamente, isso ocorre devido à diferença mínima, embora existente, entre o dia sideral e o dia solar, sendo que o dia sideral toma como referência uma estrela fixa, enquanto o dia solar possui o sol como ponto de referência.
Para exemplificar, imagine que você deseja observar uma estrela no céu durante o dia. Logo, a ideia é observar a estrela se “movendo” conforme a Terra girar até voltar para o ponto que esteja inicialmente. Se você cronometrar essa ação, vai perceber que a estrela levará 23 horas, 56 minutos e 4 segundos para voltar a sua posição inicial, ou seja, essa é a duração de um dia sideral. Veja por que o dia não tem 24 horas.
Por outro lado, o dia solar é o tempo em que estamos acostumados, com alguns minutos a mais porque a medida de 24 horas é baseada no movimento do Sol no céu. Em geral, quando a Terra está em sua órbita, ela fica “atrasada” em relação a nossa estrela, que se desloca em relação a si mesma. Sendo assim, para alçar o sol, a Terra precisa “girar mais um pouco” e, por isso, ficamos com 24 horas no dia.
Se a Terra usasse os dias siderais, o sol iria nascer 4 minutos mais cedo. Logo após seis meses fazendo isso, o sol nasceria 12 horas antes! Embora essas diferenças sejam pequenas, elas existem, e estão somadas a outros eventos capazes de aumentar ou diminuir a duração dos dias na Terra, como a interação gravitacional entre a Terra e a Lua, o conhecido efeito de maré.
Além disso, existe uma pequena diferença na duração do ano solar e sideral. Por exemplo, imagina que você está observando a Terra em um plano acima do plano orbital e, ao olhar para baixo, você verá nosso planeta se movendo. Para conseguir medir esse movimento, você precisaria de algum ponto de referência, como a estrela que escolheu para observar anteriormente.
Durante a história, a sincronia do ano solar com as estações do ano é um problema. Em 3.100 a.C, os povos egípcios usavam calendários lunares para se orientarem, porém, o mês lunar dura 29,5 dias, enquanto o ano lunar tem 354 dias. Sendo assim, por usarem esses calendários, eles ficavam 11 dias fora da sincronia em relação às estações do ano, porém, por saberem disso, eles adicionavam cinco dias no final do ano para corrigir o problema.
Posteriormente, o imperador romano Júlio César tentou resolver o problema da falta de sincronia causado pelo calendário lunar, decretando um ano de 365,25, com direito a um dia extra a cada quatro anos. Embora otimista, o sistema não funcionou, pois a sobra do dia que o ano bissexto inclui é um pouco mais longa do que a sobra do ano solar, o que gerou um calendário 11 minutos mais curtos.
Sendo assim, a diferença também causou mudança nas datas dos feriados católicos, ou seja, o problema não foi resolvido. Para solucionar o problema, quem pegou o pepino foi o papa Gregória XIII, em 1582, onde reformou o calendário tirando dez dias do mês de outubro, e estabeleceu a regra dos anos bissextos que temos até hoje. Logo, chegou o sistema que traz o mês de fevereiro com 29 dias, como conhecemos hoje em dia.